O Brasil concentra sua produção pecuária principalmente na região tropical, onde a incidência de radiação solar é intensa. Nesse cenário, o sombreamento, com o componente animal, deixou de ser um detalhe para se tornar estratégia essencial na busca por produtividade no campo e bem-estar. A integração de árvores nas pastagens, conhecida como Sistemas Silvipastoris, representa uma mudança de paradigma na pecuária brasileira.
O Desafio do Clima Tropical na Pecuária
As altas temperaturas das regiões tropicais impõem desafios significativos aos rebanhos. Todo esse estresse térmico compromete tanto a produção forrageira quanto o animal. O conforto térmico não é luxo, é condição fundamental para que os animais e as plantas direcionem energia aos seus processos produtivos.
A ausência de sombra adequada força o organismo animal a desviar recursos que seriam usados na produção de leite ou ganho de peso para mecanismos de termorregulação. Esse desvio se traduz em perdas econômicas diretas para o produtor rural!
Integração Lavoura-Pecuária: Base Para a Diversificação
A busca por maior eficiência produtiva aliada à sustentabilidade levou muitos produtores a adotar Sistemas Integrados de Produção Agropecuária (SIPA). Os SIPAs são comumente conhecidos como Integração Lavoura-Pecuária (ILP), que combina o cultivo de grãos com a produção animal em sucessão na mesma área. Esse modelo permite recuperar pastagens degradadas, diversificar renda e otimizar o uso da terra, tudo com maior rendimento, no mesmo espaço de terra.
Na ILP, o produtor alterna ciclos de agricultura e pecuária, aproveitando benefícios mútuos entre as atividades. A lavoura deixa resíduos que melhoram a fertilidade do solo para a pastagem seguinte. Já os animais, por sua vez, contribuem com adubação orgânica e controle de plantas invasoras. Essa dinâmica cria um ciclo virtuoso de produtividade no campo.
Do ILP ao Silvipastoril: Agregando outros Componentes
Os sistemas silvipastoris são modalidades de integração onde pastagens convivem com componentes arbóreos. Podem ser chamados de sistemas IPF (integração pasto-floresta). Diferente dos pastos sem árvores, esses sistemas criam microclimas que beneficiam tanto as forrageiras quanto os animais. A chave está no planejamento correto da densidade e distribuição das árvores e na escolha do pasto correto para sua região e clima.
Pesquisas mostram que a área sombreada ideal deve representar entre 10% e 50% da pastagem. Estudos da Embrapa demonstram que quedas na produção forrageira ocorrem quando as árvores reduzem a radiação solar em mais de 20%. O que é comum nesses sistemas, visto que o sombreamento também pode ser um dos focos do seu uso.
Como o Sombreamento Afeta as Forrageiras
O comportamento das sementes de pastagem sob sombra varia conforme a espécie e a intensidade do sombreamento. Gramíneas do gênero Brachiaria apresentam respostas diferentes aos níveis de luz.
Quando expostas a 50% de sombra, pouquíssimas forrageiras mantêm boa produtividade. Mas, geralmente, plantas não adaptadas a esse meio elongam muito seu caule em busca de mais luz, o que faz com que percam proporção de folhas e consequentemente, qualidade nutricional.
Já o sombreamento intenso, acima de 70%, compromete especialmente o sistema radicular. A redução de raízes afeta a persistência das plantas, aspecto crítico em culturas perenes como as pastagens tropicais.
Benefícios do Sombreamento Para o Desempenho Animal
A sombra natural proporciona condições superiores de conforto térmico comparada ao ambiente a pleno sol. Por exemplo: vacas-leiteiras mantidas em sistemas silvipastoris apresentam menor estresse térmico e melhor bem-estar. Isso se reflete diretamente no aumento da produtividade do rebanho.
Estudos a campo em Goiás registraram aumentos de até 30% na produção de leite em Sistemas Integrados com componente arbóreo. O conforto proporcionado pela sombra permite que os animais mantenham comportamento alimentar adequado mesmo em períodos mais quentes do dia.
Ainda, bovinos em sistemas com sombra conseguem se alimentar em horários que animais sem proteção evitariam devido ao calor intenso. Essa diferença no padrão de pastejo resulta em melhor aproveitamento da qualidade da forragem.
Planejamento do Sistema: Escolhas Estratégicas
A implementação bem-sucedida de sistemas silvipastoris exige planejamento técnico. A escolha das espécies arbóreas deve considerar adaptação ao solo e ao clima, arquitetura de copa adequada e valor comercial da madeira. Espécies com enraizamento profundo e tolerância à seca são preferenciais.
Do lado forrageiro, a seleção deve priorizar cultivares com melhor tolerância ao sombreamento. Híbridos de braquiária desenvolvidos para sistemas sombreados combinam produtividade com capacidade de manter valor nutritivo mesmo sob condições de luminosidade reduzida.
A distribuição espacial das árvores influencia diretamente os resultados. Pequenos bosques ou plantios em fileiras duplas proporcionam melhor conforto térmico que árvores isoladas espalhadas na pastagem.
Sustentabilidade e Eficiência na Pecuária
Os sistemas silvipastoris representam caminho para intensificação sustentável das pastagens. Além dos ganhos em bem-estar animal e produtividade, contribuem para a remoção de carbono atmosférico e mitigação de emissões de gases de efeito estufa.
A integração de árvores também melhora atributos físicos do solo. Há aumento na infiltração de água e redução de perdas por erosão quando comparado a pastagens sem componente arbóreo. Esses benefícios se somam à diversificação de renda pela produção madeireira.
O Cenário Brasileiro e Perspectivas Futuras
Muitos produtores ainda enxergam as árvores como concorrentes da pastagem, desconhecendo os benefícios da integração planejada e bem executada.
A realidade é que sistemas bem manejados podem compensar eventual redução pontual na produção de forragem com ganhos em desempenho animal e receita madeireira. A pecuária sustentável passa necessariamente pela adoção de práticas que harmonizem produtividade e conservação.
Sombra: Fator Importante para Aumento Produtivo
A sombra no Brasil deixou de ser opcional para se tornar ferramenta estratégica na pecuária tropical. Os sistemas silvipastoris oferecem solução técnica para conciliar eficiência produtiva, bem-estar animal e sustentabilidade ambiental.
O sucesso depende de conhecimento técnico e planejamento adequado. Escolher as sementes de pastagem corretas, com tolerância ao sombreamento, e definir o arranjo arbóreo apropriado são decisões que impactam diretamente os resultados no campo!
Para o produtor rural que busca elevar sua produtividade no campo, os sistemas integrados representam investimento em presente e futuro. O conforto térmico proporcionado pela sombra se traduz em animais mais saudáveis, forragem de qualidade e pecuária verdadeiramente sustentável.
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